segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Para além do bem e do mal,

... Estão a ética e a dignidade. Conceitos estes, que, apesar de criados por Homens, estão muito para além da capacidade de compreensão de muitos outros Homens, e fortemente embrenhados na célebre frase “a minha liberdade acaba, onde começa a do outro”. Poucos são os seres humanos que sabem, na verdade, da existência deste conceito chamado de ética, muitas vezes, e, facilmente, confundido com moral. Ainda assim, são ainda menos os que têm consciência do significado e de todos os princípios e valores relativos a este conceito, sem os quais a coexistência saudável, pacifica e feliz entre seres humanos se torna... impossível.
Podemos espremer o conceito de ética numa frase: fazer-mos bem a nós próprios nunca magoando os outros. O que é excelente para mim pode ser péssimo para outra pessoa e não há atitude mais digna que renunciar à excelência e procurar o razoável para os dois. Desta forma, em vez de termos um individuo numa situação excelente e outro numa péssima, temo-los ambos numa situação agradável. É esta a base de toda a ética. E é este o problema da Humanidade. A falta de ética. A falta de ética não é apenas para com outros Homens. O cúmulo alastra-se a toda a natureza, qual desacato na sua forma mais vil. Nem mesmo as pessoas mais rectas e justas para com outros seres humanos se podem dar ao luxo de poder achar que são éticas. A ética é global, não se resume a um comportamento a ter apenas com seres humanos, mas sim para com a natureza.
Apesar de que seria extremamente bom que todos os humanos fossem éticos para com o próximo, ainda que não sendo para com o resto da natureza. Já seria um grande passo para a Humanidade. Mas enfim. Adiante. 
Sei que o tema de que vou falar agora tem partes discutíveis, mas não o abordarei por aí. O ser humano é um animal omnívoro, necessita de um conjunto de proteínas, vitaminas e minerais para sobreviver, e de um conjunto ainda mais rigoroso para viver uma vida saudável. Ou seja: a opção por uma dieta vegan (uma dieta sem consumo de alimentos de origem animal) passa, indubitavelmente, pelo consumo de suplementos alimentares diários das vitaminas A, D e B12, Ómega 3, 6 e 9 e ainda de cálcio. Ambas as dietas têm prós e contras. Quanto à dieta vegan, já foi explicado o seu contra: a dependência de suplementos alimentares e vitaminicos diários para a reposição das quantidades diárias recomendadas.
Quanto à dieta variada, os aspectos negativos já são outros. Como todos sabemos, os produtos animais que consumimos não vêm de quintas alegres com prados verdejantes, dignas de ilustrações de livros de contos. Falando apenas em prol da saúde humana e deixando de lado, por agora, as condições de vida destes animais, penso que é do vosso conhecimento que na sua maioria, estes animais são alterados geneticamente, são drogados com vários tipos de hormonas e medicamentos para produzirem mais (leite/ovos/penas/lã/etc) e para crescerem mais rápido e com mais massa corporal.
Estes químicos passam directamente para os produtos que consumimos e são cancerígenos e perigosos. (produtos que não tenham o selo de “produto biológico”) Em segundo lugar o consumo excessivo de produtos animais faz extremamente mal à saúde; começando no colesterol elevado e acabando na sua consequência mais comum: ataque cardíaco - principal causa de morte no mundo ocidental. Em terceiro lugar, e atendendo à pirâmide alimentar, o consumo de produtos animais deve ser feito uma vez ao dia e numa pequena porção, equivalente à das leguminosas e é também encorajada a toma de suplementos vitaminicos com esta dieta, ainda que variada.
Agora que explicados os prós e os contras destas duas dietas apenas a um nível de importância nutricional e de saúde, gostaria de continuar no ponto em que parei acima: as condições destes animais. Não deve ser novidade para vocês que estes animais passam uma vida sem qualquer tipo de condições, sem nunca verem o céu ou a relva. É extremamente perturbadora e cruel a forma como são tratados, sem qualquer tipo de dignidade ou respeito. Existem dois tipos de animais: os usados para a produção de leite, ovos e outro tipo de derivados (que são os que sofrem mais) e os criados para abate e produção de carne.
Os animais criados para a produção de carnes são drogados com hormonas e aceleradores metabólicos para ganharem mais massa corporal e crescerem mais depressa. Estes animais não têm espaço para dar passos sequer, e muitos deles acabam por ficar com patas fracturadas devido ao excesso de peso. Estes animais têm ainda que ser medicados para as mal-funções dos seus pulmões e corações. As hormonas e medicamentos metabólicos com que os drogam são extremamente nocivos para a sua saúde e os animais vivem uma vida curta, miserável e agoniante. São mortos a sangue frio da forma mais cruel e desumana.
Ás galinhas, para a produção de ovos e penas, são-lhes cortados os bicos sem anestesia, para não poderem partir os ovos. São drogadas com hormonas para produzirem mais ovos do que a sua natureza permite, e não dão um passo sequer durante toda a sua vida até à morte. As vacas que produzem o leite, também drogadas para uma extra-produção, estão confinadas a um espaço do seu tamanho até à sua morte. Os cornos são-lhes arrancados do osso a sangue frio... A lista é quase interminável.
Que direito temos nós para tratar estes animais desta forma? Que direito temos para lhes tirarmos as vidas, quando temos uma opção ainda mais saudável ao nosso alcance? Que sentimos quando nos apercebemos que nos alimentamos do sofrimento destes animais sem necessitarmos? Como é que encaramos o facto de consumirmos produtos animais de uma forma excessiva e nociva para a nossa própria saúde, apenas por gula ou capricho? Como é que matamos animais por gula ou capricho?! Que é feito da ética? 
Aconselho uma visita ao site da PeTA para mais informação sobre este tema.



Muitas vezes, não sei se preferiria que a maioria das pessoas fossem como eu, que tivessem as minhas capacidades e aptidões, que mais não fosse, que conseguissem todas ver as coisas pelos meus olhos, senti-las pelo meu coração e compreende-las pela minha cabeça... ou se preferiria que fosse eu, igual a todas estas pessoas... e, provavelmente, acabar por ter uma existência mais feliz. Não sei. A única coisa que sei é que... este limbo está a tornar-se insuportável.

2 comentários:

  1. Identifico-me com o teu não-conformismo.

    Pessoas com a nossa mentalidade estão "condenadas" a se deixarem consumir pela merda que as rodeia lá de quando a quando.

    Conselhos?
    Não tenho.

    Tenho é apenas duas cenas sempre presentes na cabeça:
    a) não podes - nem deves - mudar o Mundo sozinha;
    b) preocupa-te em salvaguardar e estar lá apenas para as pessoas na tua bolha existencial; aqueles de quem realmente gostas.

    Ah, e pelo caminho: não mudes.
    O Mundo precisa de nós, as ovelhas tresmalhadas da consciência social generalista.

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